terça-feira, 28 de agosto de 2007

Relativizando as verdades.

"Nem todas as verdades são para todos os ouvidos."
Umberto Eco


Desde que ouvi essa frase, em uma aula de quarta-feira, no meu primeiro semestre de faculdade, ela não me sai da cabeça. Ela desperta em mim muitos significados. Talvez nem todos possam ouvir as verdades. Talvez a verdade não deva ser dita para todos.
Acho que cada um tem suas próprias verdades.
Por isso nem todas são para todos. O que eu acho que é, talvez você não ache.

A verdade da esposa traída é que o marido é fiel. Para ela, não existe uma amante.
A verdade da amante enganada é que o amado é só dela. Para ela, não existe uma esposa.
As verdades são inseridas em contextos diferentes, e só assim podem ser analisadas.

Por isso, não acredito que alguém venha e me diga que acha que vai ser melhor para mim. Eu que sei. Eu que determino isso de acordo com o que aprendi, com o que me fizeram saber na vida. Eu formei o que tenho por verdade.
E não que ela seja absoluta. Pelo contrário, muda sempre que eu noto que estava errada.
Não existe algo certo. Existe o relativo.

Relativizar a verdade é entender que não se pode obrigar alguém a acreditar em tudo o que falamos. Que, às vezes, não adianta querer provar o que achamos certo. Talvez o outro não ache, talvez não seja verdade para ele.
E ela vai ser sempre, até que se prove o contrário.
Aí está a possível solução: misturar as verdades, absorver vários pontos, mudar de idéia, equilibrar.

Até lá, sigo concordando com Eco, interpretando o que ele diz de várias maneiras, e achando que nem todas as verdades são, realmente, verdade. Nem todos os ouvidos são capazes de entender, nem todos devem ouvir.
Algumas verdades são tão individuais que nem devem ser expostas.
Elas, simplesmente, são.

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