Comecei o ano com uma série de questões para resolver.
Questões existenciais que, provavelmente, não farão a menor diferença para quem lê. Isso é, se alguém resolver ler.
Ao mesmo tempo, se eu me identifico nos outros, participo de seus problemas e aconselho algumas soluções, quem sabe alguém veja algo em comum comigo e saiba me dar alguma resposta interessante?
Passei a virada de ano na mesma praia de 22 verões, com a minha família quase completa e dois agregados – uma nova e o mesmo meu. Os fogos de artifício de Bonja Beach não são comparáveis a nada, deixam muito a desejar. Embora eu tenha achado esse ano bem mais bonito do que outros. Tirando aqueles tiros irritantes que incomodam os ouvidos do meu cachorro, além de quase estragar o meu bom-humor de fim de ano, a noite estava bem agradável e bonita.
Minha irmã foi com amigos para Jurerê Internacional. Diz que foi o melhor Reveillón (como escreve??) da vida.
Alguns fatores me atraiam pra noite em família e não me arrependo. O ano passado teve vó passando mal, eu batendo o carro, meu tio morando longe. Eu queria a lentilha da minha avó e abraçar a minha mãe.
Fiquei feliz com isso, mesmo que tenham me dito que é bobagem.
Descobri que me contento com pouco. Digo até que, às vezes, esse pouco me parece muito.
Fico feliz de ver minha matéria na capa do site da prefeitura, mesmo que não tenha meu nome. Fico feliz com um elogio sincero do meu chefe. Fico feliz com o apoio dos meus amigos.
Meu feriado inteiro não custou um décimo do que o de muita gente que fez grandes viagens.
Mas tive abraços sinceros e olhos marejados de lágrima.
Será que me contentar com pouco significa que eu tenho uma vida rasa? Ou que eu mereça pouco?
Ou que de pouco em pouco eu vou alcançando o que eu quero, o que eu tenho e o que eu pretendo?
Para um bom começo de ano, ficarei com a última opção.
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Vi no trem uns oito vestibulandos da UFRGS saindo da Festa das Tintas. É interessante essa alternativa de comemorar antes de sair o resultado, que às vezes decepciona por causa de uma vírgula na redação.
Os oito comemoravam, pulavam, imaginavam a vida universitária.
É triste pensar que a maioria não vai ser aprovada no vestibular. Não falo isso porque acho que eles não passaram, nem os conheço! Mas porque a maioria não passa na prova. Fato matemático e inevitável. Só entra um a cada vaga.
Triste fim.
Eu tentei Medicina duas vezes na federal e, quando percebi que devia ter algum motivo para não me motivar pra estudar, parti pro Jornalismo que sempre me disseram que eu devia fazer. Foi por pouco que não passei. Talvez por uma semana de estudo incessante, com menos preguiça.
Decidi partir, objetivamente, para uma universidade particular. Agora, faltam dois anos para a minha formatura. Não me sinto fracassada por isso.
Aliás, tenho medo que os vestibulandos não saibam lidar com a decepção. O colégio não ensina isso.
A faculdade também não...Mas as provas são mais constantes e é você por você mesmo. Pelo que você quer se tornar.
Não tem mais tempo pra pensar no que ser quando crescer. O mundo te cutucou no ombro e disse: você cresceu.
Será que crescemos mesmo?
Eu gosto ainda de reinventar e melhorar o que eu quero ser...
Vou sendo isso, até que mudo.
Acrescento um detalhe aqui e ali e vou em frente.
Enfrento.
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Já faz seis anos que meu avô faleceu. Com ele, eu montava a árvore de Natal todos os anos. De uns tempos pra cá, minha casa quase nunca tem um pinheiro bem enfeitado. Eles dizem que não precisa, que não tem criança em casa.
Ué, e eu com um pouquinho de criança ainda dentro de mim?
Não serve?
Fiz uma matéria com uma família na Vila Foz e eles tinham uma árvore bem grande.
Achei bonito e fiquei um pouco melancólica.
Nada fica sempre igual. Nem sempre eu acho isso muito legal.
Pra me agradar, minha tia montou um pinheirinho artificial menor que o meu braço. Foi uma boa tentativa, ficou bonitinho.
Só que não era o pinheiro do meu avô.
A presença silenciosa dele me faz falta.
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Só se fala na tal reforma ortográfica. Não se sabe mais como escrever.
Fico um pouco irritada com isso.
Se tiver erro aqui, azar.
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Ganhei uma serenata de presente por um ano de namoro. Morri de vergonha e acredito que não tenha demonstrado o quanto adorei.
Essa minha timidez ainda me trava demais. Espero ainda não estragar tudo com isso.
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Com isso tudo de não ter pinheiro, de não ter Tatzie no Reveillon, de não ter férias de verão, de não saber se quero muito ou pouco, de ideia não ter mais acento, vejo que tudo fica cada vez mais estranho.
A mudança do mundo já está dentro da minha casa.
É disso que eu tenho medo.
ps: post longo.
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
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